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Já te quis muito. “Muito” é o advérbio de intensidade que melhor se encaixa aqui. Não foi exageradamente e nem pouco: apenas muito. Hoje, eu posso te ver de outro ângulo, mais de cima, talvez. Mais igual, sei lá. Eu posso te ver com a normalidade que você tem, e isso não é ruim, somos todos normais ao fim das contas, mas é que eu tenho sempre a mania romanticamente boba de ver mais do que as coisas (pessoas) realmente são e é isso que me estraga lá na frente. E eu pensava nas minhas noites ridículas com a janela aberta em fazer por ti aquelas coisas que a gente não deve fazer para qualquer um, sem saber na minha ingenuidade que você nunca iria além. Eu te quis muito sem que você pudesse ver, ou via e desviava, ou desviava mesmo sem ver. Longe sempre foi o lugar onde te encontrei. Olha, eu não me apaixonei e isso não é triste, nenhum pouco triste. Eu quis, muito. Não te amei, prefiro não ter te amado, agradeço por não ter te amado. Você sabe que nunca sabe de nada e também não saberia de mim. Fecha os olhos agora, deixe para lá, num canto ou no passado. Você não me ama e nem me quer muito como eu te quis. Você apenas descobriu que eu já te quis e não quero mais. Poderíamos ter sido amor. Somos melhores nunca tendo sido. Até os teus cigarros adolescentes caem melhores nas tuas mãos do que eu.